O primeiro hacker da história

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Muitas vezes, costumamos utilizar o termo “hacker” como sinônimo de “cibercriminoso”. Na ESET, entendemos que são coisas totalmente diferentes e que os hackers são pessoas curiosas que buscam entender como funciona o mundo digital, sem más intenções.

Hoje nós queremos contar um pouco sobre o primeiro hacker da história. Isso ocorreu em meados do século XX e essa foi a primeira vez que uma pessoa tornou sistemas de transmissão de informações vulneráveis.

O fato ocorreu na Inglaterra em 1903 quando um engenheiro, inventor e mago inglês conseguiu interceptar a comunicação do telégrafo sem fios patenteado por Guillermo Marconi em 1900.

Guillermo Marconi é um personagem que passou pela história com certa polêmica, tudo isso devido a sua invenção do telégrafo sem fios; existem muitas informações sobre ele na Internet, ou seja, se não o conhece poderá encontrar textos facilmente. Outro protagonista dessa história, por outro lado, é quase um desconhecido. Chamava-se John Nevil Maskelyne e pertencia a uma família de ilusionistas e inventores.

Ambos personagens se interessaram por ondas eletromagnéticas e a possibilidade de transmitir sinais elétricos por elas. Enquanto Marconi soube aproveitar essa descoberta para desenvolver o telégrafo sem fios e patenteá-lo, Maskelyne o utilizava para shows simulando uma comunicação telepática com seus assistentes.

Marconi ganhou muita notoriedade já que sua invenção permitia se comunicar por código morse entre dois pontos sem utilizar cabos, e umas das características que o inventor destacava era a impossibilidade de interceptar a mensagem (um erro de principiante).

Assim chegamos a 1903, ano em que Marconi organizou uma demonstração na Instituição Real de Londres, onde o físico John Ambroise Fleming receberia uma mensagem que Marconi enviaria a 500 km de distância. O problema foi que a primeira palavra que Flemening recebeu foi “Ratos”, seguida de insultos ao telégrafo sem fios e a seu criador. Após uma surpresa inicial concluiu-se que alguém havia interceptado o sinal e causado uma fraqueza no sistema.

Fleming denunciou em um diário o ocorrido e acusou Meskelyne de “vandalismo científico”, porém John respondeu por sua ação. Segundo ele, somente havia feito isso para demonstrar que o sistema não era confiável e assim evitaria problemas maiores em outras formas de uso. Cabe destacar que existiam alguns rumores que apontavam Maskelyne como um contratado de uma empresa de telégrafo a cabo que havia feito um grande investimento e precisava tirar a confiança da concorrência, porém é algo que nunca foi confirmado.

Além das motivações, e sem saber, John Neville Maskelyne se tornou o primeiro hacker da história. Detectou uma vulnerabilidade e ao reportar essa brecha (independente da forma) permitiu que os inventores do sistema tomassem as medidas necessárias para proteger a informação que transmitem. E ainda que alguns possam dizer que já na época dos romanos haviam descriptografado sistemas utilizados para comunicação, não queríamos deixar de compartilhar com vocês essa história sobre o primeiro (ou um dos primeiros) hackers do mundo.